Com o tema “Infinito Particular”, esta edição da mostra comemora 35 anos e acontece no coração de São Paulo: no Conjunto Nacional, de 05 de julho a 11 de setembro de 2022.
Inspirado na tradução da palavra ‘Bereshí’, termo hebraico que inicia e dá o nome ao primeiro livro do pentateuco, traduzida como “no princípio” (em português, entendemos princípio como o início ou a razão de algo), a arquiteta criou um verdadeiro refúgio para o olhar interior, com o conceito de voltar aos princípios individuais.
Seguindo fielmente o significado da palavra “princípio”, todos os pisos e paredes principais foram revestidos de materiais naturais – o piso na entrada do ambiente, por exemplo, é de pedra natural reaproveitada de uma pedreira localizada no Espírito Santo. Cheio de cacos, ele traz uma reflexão sobre a vida, sobre os contratempos e dificuldades, representa os traumas que todos carregam, mas que são superados. Quando os cacos são recolhidos e colados novamente, temos algo novo, único e belo, com novas marcas e cicatrizes, que simbolizam memórias que devem ser mostradas.
O projeto é dividido em duas partes: a primeira, na parte frontal, conta com uma área social que inclui uma sala de estar e cozinha. Logo na entrada, o visitante é guiado por uma atmosfera aconchegante, marcada pela preservação do teto da arquitetura local, destacada pela iluminação indireta, onde encontram-se os mobiliários assinados pela Odara, com o balanço Revoar, proporcionando uma recepção acolhedora. Já na pequena cozinha, com marcenaria da Ornare, os traços sem forma e cantos arredondados marcam o espaço.
Na segunda parte, Barbara projetou uma caixa de madeira, pensada para emoldurar a arquitetura externa da rampa de acesso, além de posicionar o quarto em uma pequena varanda com jardim e escritório com vista para a parte interna do local, ela representa um casulo, um local que abraça a alma e traz aconchego. O destaque fica para a cama, desenhada pela arquiteta para a mostra e executada pela Odara, ela foi inspirada no Conjunto Nacional, um dos mais importantes marcos arquitetônicos da cidade, projetado há 63 anos pelo arquiteto David Libeskind. No teto, a presença de uma claraboia é o convite para refletir, olhar o interior, as marcas e cicatrizes, observando fissuras, representadas pela laje nervurada do prédio, que também lembra toda história presente, criando um verdadeiro momento de introspecção. Já na caixa de madeira, foi utilizado o piso Tauari, da Akafloor, com certificado ambiental. Os cantos arredondados presentes em todo projeto representam o lado não tão rígido, revelando a leveza em sermos mais flexíveis.
Para amarrar o conceito de maneira ímpar, Barbara escolheu minuciosamente artistas e peças nacionais que valorizam e trazem brasilidade ao projeto. A parede da sala ganhou uma tapeçaria feita em parceria com o Alex Rocca, mostrando os mesmos fragmentos do piso, mas com peças que foram se conectando, representando a vida e a reconstrução por trás de cada tentativa de erro e acerto. Em conjunto com a Bá Arte, foi desenvolvida outra obra importante, instalada na parede do quarto, peças da Chapada Diamantina ganham forma através das pedras naturais e formatos orgânicos, com características que trazem as histórias de um lugar com memórias e os laços representando os entrelaces da vida.